Como trabalho num hospital público, e mais especificamente numa sala de procedimentos, onde ocorrem trocas de sondas vesicais, resolvi visualizar este setor à luz da SAE.
Considerações iniciais:
- Considero que a troca de sonda não é um procedimento mecânico e exatamente repetitivo.
- Cada cliente é único e tem sua causa particular para manter-se sondado.
- É imprescindível estabelecer um vínculo terapêutico com os clientes, ouvindo suas queixas, atentando às alterações ou dúvidas, caso ocorram.
- Em se tratando de orientação, esse é o ponto forte neste local, pois percebemos alguns procedimentos domiciliares inadequados, que levam a riscos, como a retirada acidental e até mesmo a ITU.
No que se refere ao ambiente físico, julgo adequado: sala exclusiva, refrigerada, bem iluminada, com biombo, lixeiras, descartex, maca e cadeiras, além de um armário para a guarda dos materiais necessários. Há também uma mesa para registrarmos os procedimentos, emitir receituário para cuidados ao portador de sonda (se necessário), e assinatura de TFD's (impresso para assinatura de Tratamento Fora de Domicílio).
De acordo com a minha vivência no local, destaco os principais DE que existem e para os quais procedo às IE (intervenções de enfermagem):
1) Risco de Infecção relacionado ao local de invasão no organismo, secundário ao cateterismo vesical;
2) Controle Individual Eficaz do Regime Terapêutico;
3) Conhecimento Deficiente relacionado à complexidade do dispositivo, evidenciado pelo desempenho incorreto de comportamento de saúde desejado, evidenciado por...;
4) Ansiedade relacionada à mudança real à integridade biológica, secundário ao procedimento invasivo, evidenciado por...;
5) Distúrbio da Imagem Corporal relacionado aos efeitos da SVD (sonda vesical de demora) sobre a aparência, evidenciado por...
* Pensei em "Padrões de Sexualidade Ineficazes". É que durante a espera pelo tratamento definitivo, que faça com que o cliente urine fisiologicamente, fica impraticável o ato sexual. Inclusive já conversei com clientes que me referiram esse inconveniente, e que estavam sofrendo por conta da abstinência sexual. Confesso que não adentro nesta seara; não toco no assunto, mesmo porque não temos como resolver tal problema. Então, se não temos intervenção correspondente, não devemos utilizar tal DE. Consultando o último manual da Carpenito, observei que não há nada de FR (fator relacionado), com relação à sonda vesical de uso prolongado. Talvez porque realmente é difícil o profissional intervir.
NOTAS:
- Tais clientes geralmente são do sexo masculino, e têm suas sondas trocadas a cada 30 dias, no ambulatório, enquanto a obstrução uretral não é solucionada;
- São sondas uretrais (mais frequentes), cistostomias (orifício abdominal, diretamente na bexiga) ou perineostomias (orifício abaixo da bolsa escrotal);
- Os clientes são cadastrados no hospital e têm que marcar no computador previamente o procedimento;
- O procedimento é exclusivo do enfermeiro, sendo que se o mesmo não conseguir retirar ou inserir a sonda, solicita a intervenção de um médico Urologista, da mesma instituição;
- Conto com apoio de uma técnica de enfermagem, pois realizar tal procedimento sozinha, além de demorado, requer um "verdadeiro malabarismo" para não ferir o princípio científico da microbiologia.
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